A deputada trabalhista Stella Creasy mostra-se surpreendida após ser repreendida por levar o seu filho de três meses para a câmara baixa do Parlamento britânico, pedindo a revisão desta "regra de comportamento e cortesia".
Stella Creasy foi informada de que era contra as regras trazer uma criança para um debate no Westminster Hall, depois de o ter feito esta terça-feira.
A deputada acabou por responder que "deve ser possível conciliar a política com a maternidade", depois de ouvir que não se pode sentar na Câmara dos Comuns com o seu filho de três meses.
Acrescenta, ainda, que a situação em causa é uma "novidade" para si, visto que, no passado, já teria participado em debates levando consigo a filha mais velha, pedindo agora uma revisão da norma proibitória.
"REGRAS DE COMPORTAMENTO E CORTESIA"
A Câmara dos Comuns refere que se encontra "em comunicação" com Creasy, tendo a deputada recebido um e-mail da assembleia, que a informou de que trazer o seu filho para os debates não está de acordo com as regras recentemente publicadas sobre "comportamento e cortesia".
O livro de regras da Câmara dos Comuns e do Westminster Hall foi atualizado em setembro.
De acordo com a regra:
"Não se deve sentar na Câmara quando acompanhado do seu filho, nem dos lados da Câmara, nem entre as divisões", texto já existente na anterior versão do documento.
UMA PROFISSÃO PARADA NO TEMPO?
O vice-primeiro-ministro do Reino Unido, Dominic Raab, já veio apresentar o seu apoio à deputada trabalhista, referindo que os políticos necessitam de certificar que a "profissão seja trazida para o mundo moderno, de forma a que os pais possam conciliar o trabalho que fazem com o tempo em família de que necessitam".
Contudo, Raab argumenta que compete a quem possui autoridade para tal na Câmara dos Comuns decidir sobre o equilíbrio certo nesta questão.
Outra deputada, Alex Davies-Jones, alega que recebeu a garantia do presidente da Câmara dos Comuns, Lindsay Hoyle, de que, se precisasse de amamentar o seu filho na mesma câmara, o poderia fazer.
"MAU PARA A DEMOCRACIA"
Creasy, a mãe no centro da questão, diz que este "não é um sistema que funcione para qualquer pessoa que não seja um homem de uma certa idade e de uma determinada origem".
"É mau para a nossa democracia", diz a deputada sobre a situação em causa.
Assim, pede que o livro de regras seja revisto, deixando um recado:
"A nossa política será melhor se tivermos mais mães à mesa."
ESTA MÃE VOTA!
A trabalhista Stella Creasy, que vem incentivando outras mães a entrar na política através da sua campanha "This Mum Votes" ("Esta Mãe Vota") partilha, na sua conta na rede social Twitter, o e-mail que recebeu.
"Aparentemente, o Parlamento escreveu uma regra que significa que não posso levar o meu bebé bem comportado e a dormir, de 3 meses, quando falo na Câmara. (ainda não há regra sobre o uso de máscaras)", escreve, ao que acrescenta que "as mães, na mãe de todos os Parlamentos, não devem ser vistas ou ouvidas, ao que parece".
OUTROS EXEMPLOS DE MATERNIDADE NA POLÍTICA
AARON CHOWN - PA IMAGES
A ex-deputada Jo Swinson foi considerada a primeira deputada a embalar o seu filho bebé durante um debate na Câmara dos Comuns, em 2018.
Também naquele ano, a primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, tornou-se a primeira líder mundial a levar um filho bebé para a Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova Iorque.
"EM PORTUGAL", SÓ EM BRUXELAS
THIERRY MONASSE
No nosso país, não é hábito haver notícias sobre bebés presentes na Assembleia da República durante sessões parlamentares.
O caso recente mais conhecido de um político a levar um filho para uma reunião parlamentar é o de Francisco Guerreiro, eurodeputado eleito pelo PAN, atualmente independente, que integra o Grupo Parlamentar dos Verdes/Aliança Livre Europeia.
Em novembro de 2019, levou a sua filha a Bruxelas, na Bélgica, durante uma sessão no Parlamento Europeu, referindo depois, nas redes sociais:
"Apresentei a Emma à democracia parlamentar."
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