Executive Digest: 'Israel: Posição de Von der Leyen sobre conflito divide eurodeputados portugueses'
Eurodeputados do PSD e CDS-PP elogiaram hoje a visita da presidente da Comissão Europeia a Israel, dias após o ataque do grupo islamita Hamas, enquanto os partidos à esquerda criticaram a iniciativa, afirmando que causou uma “mossa institucional”.
A deslocação, no dia 11, de Ursula Von der Leyen a Israel, e o facto de não ter apelado, de imediato, a uma resposta de Telavive dentro dos limites do direito humanitário internacional, têm motivado críticas à presidente da Comissão Europeia, que é acusada de ter uma posição parcial em relação ao conflito e de ter extrapolado as suas funções, que não incluem a condução da política externa.
O eurodeputado social-democrata Paulo Rangel discorda destas críticas: “Teve uma atitude absolutamente irrepreensível”, disse à Lusa, à margem da sessão plenária do Parlamento Europeu, que decorreu esta semana em Estrasburgo, França.
“Há uma tentativa de aproveitamento político, por um lado, interno em alguns países, por outro, das instituições europeias, em que se está a procurar criar aqui algum ruído”, comentou o eleito do PSD, que pertence ao Partido Popular Europeu (PPE), a mesma família política de Von der Leyen.
“Num primeiro momento, é preciso mostrar solidariedade” para com Israel, pelo ataque do Hamas em 07 de outubro, e “denunciar os crimes horrendos” do Hamas. “Depois, é preciso fazer pedagogia”, considerou Rangel.
O eurodeputado criticou, por outro lado, o alto representante da União para os Negócios Estrangeiros, Josep Borrell, por, “perante uma emergência destas”, ter mantido uma visita à China, “onde estava o senhor Putin”.
Paulo Rangel apontou o dedo a um momento “realmente disfuncional”, quando o comissário para a Política de Vizinhança, o húngaro Oliver Varhelyi, anunciou a suspensão de todos os apoios económico-financeiros à população palestiniana, informação que chegou a ser validada pelos porta-vozes da Comissão Europeia, mas depois contrariada pela própria Comissão e pelo comissário para a Gestão de Crises.
Pelo CDS-PP, Nuno Melo rejeita que haja “uma cacofonia”: a União Europeia (UE) “está unida na condenação ao Hamas”. A viagem de Von der Leyen, ao “dar dimensão à presença da UE em Israel, é um dado positivo”.
“A União Europeia é um protagonista muito relevante, tem ajudado muito, do ponto de vista financeiro, os palestinianos (…) e tem apelado também a uma proporcionalidade” na reação de Israel, que é “um Estado democrático”.
O deputado centrista, também inserido no PPE, atribuiu algumas discrepâncias de posições a “manifestações políticas e partidárias”, também porque se aproximam eleições europeias, em junho do próximo ano.
O socialista Pedro Marques (grupo Socialistas e Democratas – S&D) considera que a Europa “perdeu a oportunidade de causar uma boa primeira impressão”.
As contradições entre comissários foram “um episódio bastante mau e com muita repercussão internacional”.
“As afirmações da presidente da Comissão não foram as mais felizes porque não foram equilibradas e não correspondiam à posição que já tinha sido assumida pela União Europeia. Não foi um bom momento”, lamentou.
A UE “não tem tido uma resposta única, essencialmente por Ursula Von der Leyen teve um conjunto de iniciativas e um discurso que não têm sequer cobertura nas resoluções” dos 27, criticou o bloquista José Gusmão (Grupo da Esquerda).
Para o eurodeputado do BE, Von der Leyen agiu “de forma absolutamente lamentável”, causando “uma mossa institucional”.
O comunista João Pimenta Lopes (Esquerda) aponta contradições no discurso das instituições europeias e condena “a hipocrisia e uma abordagem de dois pesos e duas medidas”.
Apesar da posição oficial de defesa dos dois Estados – Israel e Palestina -, o eurodeputado denuncia a “conivência com as políticas de ocupação, há décadas, sobre o povo palestiniano”.
“Claramente a União Europeia não falou a uma só voz”, considerou o deputado independente Francisco Guerreiro (Grupo dos Verdes), o que atribuiu ao “lóbi muito forte da diplomacia israelita.
O eleito considera no entanto que “não é demasiado tarde” para a UE fazer um esforço no sentido de “se caminhar para a solução dos dois Estados”.
“Até porque estamos a falar de vidas humanas”, sublinhou.
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