COP26, um fracasso estrutural
Bruxelas, 17 de Novembro de 2021- Cerca de 200 países aprovaram no passado sábado o Pacto Climático de Glasgow, na COP26, após quase duas semanas de difíceis negociações. Mais uma vez, não foram capazes de enfrentar seriamente a crise climática. Os líderes mundiais dececionaram os jovens em protesto e que exigem medidas reais há vários anos.
Um dos objetivos era manter ao nosso alcance o aumento máximo da temperatura global em 1,5°C, mas na realidade os atuais planos climáticos dos vários países continuam a levar o planeta a um aquecimento global de 2,4°C, de acordo com as Nações Unidas. O nosso orçamento de carbono para os 1,5°C está a diminuir drasticamente e as emissões globais em 2030 deverão ser 13,7% mais elevadas do que em 2010, quando deveriam ser reduzidas de pelo menos 45% para colocar o mundo num caminho firme que permita limitar os aumentos da temperatura global abaixo dos 1,5°C até ao final deste século. Um dos poucos resultados positivos foi o pedido às partes para comparecerem na COP27 no próximo ano, no Egipto, com planos atualizados sobre a forma de reduzir as emissões de gases com efeito de estufa até 2030. Nos termos do Acordo de Paris, os países só estavam obrigados a atualizar os seus objetivos até 2025.O objetivo dos 1,5°C ainda está, portanto, vivo (por um fio), mas será que a maioria dos países irá realmente fazer o seu trabalho de casa desta vez?
O Pacto Climático de Glasgow apela também à “diminuição gradual” dos subsídios ao carvão e aos “combustíveis fósseis ineficientes”. O texto era originalmente mais forte, mas foi diluído várias vezes, principalmente pela Índia e a China. De facto, é a primeira vez que o carvão e os combustíveis fósseis são explicitamente mencionados numa decisão da COP, mas com esta formulação tão fraca, trata-se aqui manifestamente de um texto meramente simbólico.
134 países, representando 85% da população mundial, têm feito pressão para a criação do "Glasgow Facility on Loss and Damage", um organismo formal de prestação de apoio financeiro aos países que já estão a ser afetados por catástrofes climáticas. Isto tem sido considerado como uma linha vermelha para os EUA e a UE, uma vez que, na verdade, eles não querem ser responsabilizados financeiramente pelas suas emissões históricas. Se estes países não fizerem mais para apoiar os países em desenvolvimento na sua adaptação às alterações climáticas, não poderemos igualmente esperar mais compromissos dos mesmos. De facto, os países ricos concordaram há mais de 10 anos em transferir 100 mil milhões de dólares por ano aos países em desenvolvimento para ajudá-los na transição para economias menos dependentes dos combustíveis fósseis, e na adaptação geral à crise climática. As adaptações podem envolver algo como a construção de muros marítimos para evitar inundações, a deslocação de comunidades da costa ou ainda o restauro de casas que resistem melhor a eventos climáticos extremos. Os países mais ricos não só falharam em entregar estes 100 mil milhões de dólares até 2020, como também os países em desenvolvimento dizem que, à partida, este montante já estava longe de ser suficiente.
Recapitulando, uma vez mais, foram feitos pouquíssimos progressos durante esta COP. Precisamos de mais ambição e de mais solidariedade por parte dos países desenvolvidos. A questão climática está de facto intimamente ligada às desigualdades a nível mundial. É preciso manter a pressão. O “business as usual” não é uma opção.
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