Covid-19: Eurodeputado do PAN questiona se a Europa sabe mais sobre o coronavírus
Bruxelas, 23 de Março de 2020- O eurodeputado Francisco Guerreiro (PAN) questionou a Comissão Europeia (CE) sobre a existência de informações complementares relativos à alegada omissão do governo chinês na partilha de dados com as entidades internacionais, no início do contágio do Coronavírus, na província de Hubei.
De acordo com alguns meios de comunicação social, o primeiro relato de contaminação do vírus deu-se a 17 de novembro sendo que apenas foram reportados e registados no final do mês de dezembro os dados à Organização Mundial de Saúde (OMS). Neste sentido, o eurodeputado questionou também se serão aplicadas restrições ou sanções bilaterais por parte da União Europeia (UE) à República Popular da China caso se comprove deliberada a omissão da partilha de informação sobre o vírus às instâncias de saúde e governativas internacionais.
“Na China verificamos que existe uma falta de controlo sanitário e de higiene alimentar que pode colocar em causa, mais uma vez, a estabilidade mundial, pelo que será fundamental a UE, a comunidade internacional e a OMS garantirem o fim definitivo do comércio de animais exóticos nos mercados Chineses”, conclui Francisco Guerreiro.
Em paralelo foi também perguntado qual a posição da Comissão relativa ao comércio de animais exóticos no país. Esta questão vem na sequência dos vários dados que indicam que o surto de COVID-19 terá começado num mercado húmido de Hubei, local onde são comercializadas legalmente animais exóticos.
Segundo a OMS, em Novembro de 2002, foi no sul da China, na província de Guangdong, que a epidemia de SARS-CoV teve início. Tal como o COVID-19, este surto foi também ligado ao consumo de animais exóticos, nomeadamente morcegos. Nos dois anos de maior incidência do surto, 2002 e 2003, a epidemia alastrou-se a outros países, infetando mais de 8.000 pessoas e matando 774 indivíduos.
A China é o segundo maior parceiro comercial da União Europeia, seguido pelos Estados Unidos da América. A UE é o maior parceiro da República Popular da China. Atualmente existe um compromisso de 10 pontos entre a UE e a China, referente ao processo de um acordo de investimento entre blocos que se iniciou em 2013, que estabelece pontos de convergência e de maior transparência. As questões apresentadas pelo eurodeputado do PAN centram-se também no futuro desse acordo.
“Está agendado para este ano o fim das negociações entre a UE e a China para celebrar um acordo de investimento logo é com preocupação que vemos a possibilidade de Pequim ter omitido informações aos seus parceiros internacionais relativamente ao início do surto de COVID-19”, afirma o eurodeputado Francisco Guerreiro.
Francisco Guerreiro explica que se suspeita “que a China tentou encobrir a existência de um surto de um novo coronavírus, quando já se registava um grande número de infetados e, como tal, não terá informado as entidades internacionais competentes, nem tomou as ações necessárias para conter o vírus atempadamente”, diz.
“Seria oportuno que a Comissão tome medidas de advertência e/ou de sanção para com países terceiros cujas ações têm repercussões no próprio bem-estar e saúde dos cidadãos europeus”, adianta o eurodeputado.
O eurodeputado do PAN questiona ainda se a instituição planeia advertir a China para a necessidade de impôr normas de higiene e de segurança alimentares eficazes e de banir o comércio de animais exóticos – sendo que se suspeita que o Covid-19 tenha origem nos mercados destes animais.
Aqui está a pergunta completa do eurodeputado:
– Tendo em conta que este não é o primeiro surto patológico mundial das últimas décadas e cuja expectada origem são estes tipos de mercados, continuará a Comissão a abster-se de interferir crítica e ativamente em assuntos que remetem para sensibilidades culturais de determinadas nações e que têm óbvias repercussões transnacionais negativas sobre a saúde e bem-estar humanos?
– Tendo em conta que em causa está a segurança e estabilidade da UE, planeia a Comissão advertir a China para a necessidade de impor normas de higiene e segurança alimentares eficazes e de banir o comércio de animais exóticos?
– Questionará e sancionará a Comissão o governo chinês por alegadamente não informar as entidades internacionais sobre a existência do surto nas suas primeiras semanas, onde já se registava um elevado número de infetados, e condenará tal ação, caso se comprove verdadeira?
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Segunda-feira, 01 de Julho de 2024
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