Tunet Rádio: 'Festival CLIT propõe cinema onde menos se espera'

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  • Quinta-feira, 12 de Dezembro de 2024

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O multipremiado “Carne: a pegada insustentável” é o filme de abertura da 4.ª edição do festival CLIT – Cinema em Locais Inusitados e Temporários, que arranca no próximo sábado, dia 14, e decorre até quarta-feira, dia 18, com sessões gratuitas nos concelhos de Setúbal e de Montemor-o-Novo.

A cerimónia inaugural terá lugar, pelas 17h, na sala de eventos da Loja da Horta de Setúbal, no Montalvão, espaço que anteriormente acolheu o supermercado Gasshô.

“Apresentar cinema em locais onde não costumamos vê-lo é um dos nossos objetivos e, olhando ao facto de a alimentação ser o tema da longa-metragem de abertura, consideramos a Loja da Horta uma excelente opção para o arranque do CLIT 2024”, explica Luís Humberto Teixeira, diretor do festival, destacando que “a ideia da sessão foi extremamente bem recebida pela Biofrade”, entidade que gere o espaço e que atribuirá a todos os presentes um vale de 10% de desconto numa compra naquele estabelecimento.

A exibição do documentário “Carne” (na fotografia de capa) – distinguido com galardões em festivais na Alemanha, no Brasil, na Finlândia, no Canadá e em Portugal – vai ter a presença do realizador, Hugo de Almeida, que estará disponível para interagir com a audiência.

Carne: a pegada insustentável” visita santuários animais no norte e no centro de Portugal, percorre os corredores do Parlamento Europeu, fala com o especialista ambiental George Monbiot no Reino Unido e viaja até ao Líbano, onde um hospital aposta na comida vegan enquanto parte do tratamento dos seus pacientes, reunindo um conjunto de histórias inspiradoras sobre como alterações na dieta humana podem ajudar o planeta, os animais e a nossa saúde.

Segundo o produtor, Francisco Guerreiro, a longa-metragem documental procura “dar voz aos especialistas e informar sobre a existência de alternativas que, a vários níveis, são menos prejudiciais para o futuro da Humanidade e da Terra”.

Igualmente virada para o futuro, a sessão seguinte decorrerá no mesmo local, por volta das 19h30, abordando ao longo de uma hora a relação entre os seres humanos e a inteligência artificial em três curtas: “N0V0 C0M3Ç0”, de Charly Delporte e Prune Girand (França); “SoulSync”, de Bruno Benetti (Brasil) e “O aquário”, de Gianluca Zonta (Itália).

O Natal acontece

O domingo, 15 de dezembro, vai imbuir-se da “magia” do Natal, com a Igreja de São Sebastião a acolher, a partir das 14h30, uma sessão de “Animação à la carte”, em que os espectadores decidem o que será visionado e por que ordem com base num “menu” composto por 20 curtas-metragens pensadas para crianças, jovens e famílias. Estará presente a realizadora húngara Kati Egely.

“Experiências extra-festival levadas a cabo nos últimos dois anos, mostraram à organização do CLIT que este formato fomenta a capacidade de negociação, o espírito democrático e a empatia, virtudes fundamentais numa sociedade cada vez mais extremada”, afirma o diretor do festival, que inclui no seu programa um total de 41 filmes, oriundos de 17 países.

Seguir-se-á, pelas 18h30, a exibição da curta-metragem russa “Vira-lata”, com direito a perguntas a Aliya Pogorelskaya, que fez parte da equipa, seguida da longa-metragem “Quando o Pai Natal era comunista“, de Emir Kapetanovic, comédia inspirada em factos verídicos: a proibição da entrada do Pai Natal nos infantários da Bósnia, não por as crianças não apreciarem a visita, mas porque esta fazia emergir preconceitos étnicos e religiosos em alguns adultos.

Esta sessão integra a secção “Descobre-o!”, pelo que os espectadores que queiram comparecer terão de encontrar o local da projeção decifrando um conjunto de pistas que será previamente divulgado nas páginas do festival nas redes sociais.~

“Há muitos anos, o local de visionamento acolheu refugiados da Guerra nos Balcãs, que aqui encontraram uma nova casa, ao largo do perigo existente na sua terra de origem”, é uma das instruções que conduzem a este tesouro cinematográfico.

No mundo das mulheres

Segunda-feira, o dia começa com uma sessão acerca da violência sobre as mulheres, com a exibição de “3.14159”, de Dasha Brian, ativista bielorrussa refugiada na Polónia, “Um casamento artificial”, do brasileiro Raphael de Jesus, “Processo”, da iraniana Nadereh Sadat Serki, e “Omayma”, do italiano Fabio Schifilliti. Às 11h30, na sala 7 da Escola Superior de Educação de Setúbal.

Às 18h30, na Igreja do Coração de Maria, tem lugar a projeção de “Incompatível com a vida”, obra em que a realizadora brasileira Eliza Capai, que viveu uma interrupção da gravidez devido a malformação do feto, partiu em busca de mulheres com casos similares para, juntas, contarem as suas histórias.

O resultado é um documentário impactante sobre maternidade, fé, luto gestacional e políticas públicas que afetam as mulheres. Como declara Luís Teixeira, “trata-se de uma abordagem corajosa a um tema sensível e tantas vezes tabu e o documentário não podia deixar de ser exibido no país em que Eliza Capai pôde efetuar a interrupção da gravidez sem temer os três anos de prisão a que uma mulher se sujeita se abortar no Brasil, mesmo em situações em que não há viabilidade do feto”.

O desporto, o amor… e os gatos

O quarto e último dia do festival em Setúbal começa na Escola Secundária Sebastião da Gama, onde, pelas 15h25, serão apresentadas três curtas que têm como ponto comum a ligação dos jovens a uma atividade desportiva: “O vencedor”, do iraniano Ali Keyvan; “Pivô”, do sérvio Sergej Sepetkovski, e “Amoreiras”, de Pedro Augusto Almeida. Os dois últimos realizadores estarão presentes para dialogar com o público.

Às 18h30, haverá nova sessão “Descobre-o!”, esta tendo como prémio o visionamento da divertida curta italiana “A primeira vez – instruções de uso”, de Lorenzo Trane, que partilha várias dicas para adiar o orgasmo, e a inusitada comédia húngara “Engate”.

Esta primeira obra de Rozália Szeleczki conta a história de Fáni, uma arquiteta de 30 anos que se apaixona pelo gato preto do vizinho, o qual fala com ela e quer fazer carreira na música. Deixamos já aqui uma pista: “O gato preto no telhado está a dirigir-se para o local da projeção para ver Fáni. Ele sabe que existe uma sala de cinema ao cimo das escadas, e áreas insonorizadas para tocar música no último andar.”

Um lugar para viver

E o Dia Internacional do Migrante, que se assinala na quarta-feira 18, foi o escolhido pelo festival para migrar rumo a Montemor-o-Novo, onde, às 15h, o Centro de Interpretação do Montado e da Agrofloresta da Herdade do Freixo do Meio acolhe a minissérie de animação “Consequências da destruição da floresta tropical”, de Leo Rey e Toby Mory (Alemanha), e o documentário “Do lixo ao luxo”, no qual a brasileira Iara Lee divulga histórias de transformação social e ecológica no pequeno estado africano do Lesoto.

Às 18h30, o festival encerra no Espaço Integral da Cooperativa Minga, com a irónica curta “Ao fresco”, do catalão Ignácio Rodó; a média-metragem “A terra em que pisar”, do brasileiro Fáuston da Silva, e “Das barracas à dignidade“, uma reflexão sobre o direito à habitação na qual histórias de vida de moradores do bairro do Grito do Povo, em Setúbal, se fundem com o processo artístico da performance que habitou as ruas do bairro em abril de 2024. A obra deve a génese ao realizador setubalense Leonardo da Silva, que comparecerá à projeção para uma conversa com a audiência.

Organizado pela Associação Cultural Festroia e pelo Monte de Letras, o CLIT – Cinema em Locais Inusitados e Temporários tem como parceiros desta quarta edição a Cores Vertiginosas, a Diocese de Setúbal, a Câmara Municipal de Setúbal, a Biofrade, o Instituto Politécnico de Setúbal, a Escola Secundária Sebastião da Gama, o Montado do Freixo do Meio e a Cooperativa Integral Minga.

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