Expresso: ' Parlamento Europeu quer reforçar o combate aos pallets de plástico após desastre ambiental na Galiza.'
A propósito do caso recente na Galiza, discutiram-se os atrasos do governo regional e do governo nacional espanhol em agir e criticou-se a decisão deste último em negar o a poluição da sua costa por 26 toneladas de bolas de polímero sintético, designadas como pellets. O comissário do Ambiente, Oceanos e Pescas, Virginijus Sinkevičius, alertou, durante o debate, que “a causa do derrame na Galiza deve ser investigada”, embora considerando que o crucial agora é “garantir a sua limpeza”.
João Albuquerque, eurodeputado pelo PS e principal relator da proposta do PE para legislar este assunto, afirmou ao Expresso ser “essencial perceber o que falhou” neste caso que levou a costa da Galiza a ser atingida por uma ‘maré de plástico’. Sobre o debate, destaca “a abertura de uma investigação aos responsáveis deste acidente e à atuação das autoridades do governo da Galiza depois da catástrofe”.
Durante esta sessão em Estrasburgo marcada por pedidos por leis mais ambiciosas, que responsabilizem as empresas e que impeçam acidentes semelhantes, Herman Tertsch, eurodeputado espanhol pelo VOX, declarou que “não há uma catástrofe ecológica, há um problema, que temos de resolver, mas é apenas mais um problema” e acrescentou que “é mais fácil encontrar moedas de 2 euros na praia do que plástico”.
Esta posição do Grupo dos Conservadores e Reformistas Europeus, onde Herman Tertsch se insere, é criticada pelo eurodeputado do Grupo dos Verdes/Aliança Livre Europeia, Francisco Guerreiro: “A extrema-direita culpa todos e mais alguns”, ao invés de se responsabilizar pelas suas “políticas de não aceitação que, realmente, as alterações climáticas são um problema e que a poluição destes resíduos é generalizada”.
Uma opinião alinhada com Marisa Matias, eurodeputada pelo BE, que refere que o debate foi pautado pelo “desprezo total” da direita espanhola em relação ao sofrimento da população galega, além de mostrar um “enorme alheamento da realidade”.
"ESte é um debate que não é regional, é um debate que é europeu e que precisa de medidas muito mais concretas e ambiciosas por parte da União Europeia”, afirma a deputada. Já, Lídia Pereira, eurodeputada eleita pelo PSD, discorda, ao entender que se tratou de um “debate de utilidade, sobretudo, para a esquerda, uma vez que há eleições na Galiza, no próximo dia 18 de fevereiro”.
Para a eurodeputada inserida no Partido Popular Europeu, competia ao governo de Pedro Sanchéz uma “resposta imediata”, ainda assim “a esquerda europeia não hesitou em trazer este debate de cariz regional, pese embora evidentemente o impacto no ambiente”.
A direita europeia apresentou propostas que “parecem não ter em conta aquilo que aconteceu, este desastre ambiental na Galiza”, diz João Albuquerque, que espera que esta sessão plenária sirva para “sensibilizar” o grupo político.
Independentemente de como possa ter surgido o debate, o pedido final do comissário do Ambiente, Oceanos e Pescas foi para a cooperação próxima entre os Estados-membros, salientando que acidentes como o de Galiza fazem a “proteção ambiental disparar para o topo da agenda política”.
Resta agora a aprovação na Comissão do Ambiente, em março, e a votação final no plenário em abril. Até lá, Francisco Guerreiro diz que a União Europeia precisa de pressionar para que a legislação, quando aprovada, “seja expansiva e extensiva aos restantes blocos geopolíticos, porque sozinhos nós podemos fazer muito, mas sozinhos não conseguiremos combater este flagelo”.
*Texto de Eunice Parreira com Tiago Serra Cunha, editado por Mafalda Ganhão
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