Grande Consumo: '76,4% dos consumidores não está de acordo com o aumento das restrições dos produtos de origem vegetal'
A maioria dos portugueses (96,4%) sabe que os produtos de origem vegetal (“plant based”) são produtos com ingredientes, maioritariamente, provenientes de origem vegetal e 95,9% sabe identificar corretamente a diferença entre produtos lácteos e produtos de origem vegetal, quanto à origem dos ingredientes com que são produzidos.
Estas são as conclusões de um estudo levado a cabo pela Universidade Católica para a Upfield, fabricante de cremes vegetais, margarinas e alternativas vegetais ao queijo, com mais de 100 marcas, incluindo a Planta e Becel.
Este estudo procurou determinar o conhecimento dos consumidores relativamente às alternativas vegetais e insere-se no contexto da discussão da Alteração 171 por parte da Comissão Europeia, Conselho Europeu e Parlamento Europeu, prevista durante o mês de março. Esta alteração, apresentada por um grupo político que alega que as práticas atuais de rotulagem de alimentos de origem vegetal enganam os consumidores, visa impor diversas restrições na nomenclatura, no tipo de embalagens e nas imagens e comunicações que podem ser utilizadas nos produtos de origem vegetal.
Classificação correta
Com o objetivo de avaliar as perceções dos consumidores sobre produtos de origem vegetal, a partir de diferentes nomenclaturas, e a sua capacidade para os distinguir de produtos de origem animal, o estudo demonstra que os portugueses não ficam confusos no supermercado e sabem identificar e diferenciar os produtos de origem vegetal, como no caso da alternativa de soja ao iogurte (95,1% dos inquiridos considerou que este é um produto de origem vegetal) ou do queijo vegan, onde 97,2% classificou corretamente como alternativa vegetal ao queijo.
Assim, a respeito da rotulagem, 76,4% dos consumidores entende que termos como “cremoso” ou “não contém lactose” poderão aparecer nos rótulos para qualificar alternativas de origem vegetal, o que, segundo a Alteração 171 sugerida pela União Europeia, não poderá ser permitido.
Francisco Guerreiro, eurodeputado do Verdes/EFA, comenta que “é lamentável, em primeiro lugar, que a imposição de mais restrições ao sector alimentar de produtos vegetais seja sequer discutida. O grupo político que propôs esta alteração defende que as práticas atuais de rotulagem de produtos à base de plantas confundem os consumidores, uma alegação criada por sectores que estão insatisfeitos com a crescente preferência dos consumidores por alternativas à base de plantas. Este estudo muito oportuno vem provar o que os consumidores, empresas e organizações não governamentais têm tentado dizer aos decisores políticos: não somos enganados por produtos à base de plantas, compramos porque gostamos deste produtos, porque nos preocupamos com o planeta, com a nossa saúde e com o bem-estar animal”,
88,8% não está a par da legislação em vigor
O estudo em causa quis também conhecer a opinião dos consumidores portugueses sobre o quadro jurídico dos produtos vegetais, de forma a perceber a necessidade de uma alteração com regras mais restritas. Questionados sobre o conhecimento da legislação em vigor sobre rotulagem de produtos de origem vegetal, apenas 11,2% dos inquiridos identificou a resposta correta e está ciente da legislação em vigor.
A maioria, 88,8% dos consumidores portugueses, não está a par da legislação em vigor. 59,5% desconhecia que a informação de que termos commumente conhecidos, como “iogurte de coco”, “leite de soja”, “queijo vegan” ou “natas vegetais” são atualmente restritos e 29,3% referiu desconhecer a legislação sobre este assunto.
Álvaro Carrilho, Head of Sales Portugal da Upfield, reafirma que “embora, pelo estudo, a maioria dos consumidores portugueses não o saiba, o atual quadro regulamentar da União Europeia já é suficientemente restritivo. Esta Alteração 171, que está em vias de ser discutida, pode significar a proibição de produtos de origem vegetal utilizarem embalagens com formatos já reconhecidos (como, por exemplo, um copo de iogurte), a utilização de informação útil sobre saúde e alergénios para descrever um produto como ‘adequado para pessoas que sofrem de intolerância à lactose’ ou palavras descritivas como ‘cremoso’ e ‘amanteigado’ nas embalagens e na publicidade dos produtos alternativos aos lacticínios de base vegetal”.
Portugueses querem mais alternativas vegetais
Ainda neste âmbito, e apesar da maioria dos inquiridos desconhecer o quadro legal aplicável a produtos de origem vegetal, 75,5% dos inquiridos considera que as restrições legislativas aplicadas a nível europeu na rotulagem de produtos lácteos cumprissem as mesmas regras para rotular os produtos de origem vegetal.
Os portugueses são também muito positivos quanto ao acesso a mais alternativas vegetais nos supermercados, com 96% dos consumidores a confirmar que a oferta de produtos deve ser cada vez mais alargada, possibilitando opções de escolhas para todos os gostos, tipos de alimentos e intolerâncias.
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