NO Revista:'Eurodeputados do PSD juntos contra classificação prejudicial para o setor Vinícola'
A aprovação de um pacote de medidas para reforçar a luta contra o cancro na União Europeia gerou polémica, com a tentativa de considerar qualquer consumo de vinho ou cerveja nocivo para a saúde e a aprovação de mais impostos sobre as bebidas alcoólicas.
A estratégia apresentada pela Comissão Europeia em fevereiro de 2021, que serviu de base ao trabalho desenvolvido pela comissão parlamentar especial criada para a Luta contra o Cancro, apontava a uma redução, em 10%, do consumo nocivo de álcool até 2025.
Lídia Pereira, membro da comissão que trabalhou o relatório aprovado esta quarta-feira em Estrasburgo, por uma maioria expressiva de 94%, considera que “estava a ser feita uma interpretação extensiva e exagerada de um estudo apresentado pela Organização Mundial de Saúde”.
A eurodeputada do PSD explica que “ainda que as evidências científicas nos demonstrem que o consumo de álcool se encontra entre os fatores de risco para o desenvolvimento de doença oncológica, não se encontra determinado o nível de perigosidade associado a um consumo pontual e responsável” e, por isso, “temos de reforçar a prevenção dos consumos de risco, mas sem se cair no exagero de rotular uma garrafa de vinho ou de cerveja da mesma forma que um maço de tabaco”.
Entre os eurodeputados portugueses, a socialista Sara Cerdas, os bloquistas Marisa Matias e José Gusmão e o ex-Pan Francisco Guerreiro, suportavam um novo sistema de rotulagem, com advertências de saúde. A versão que acabou por ser aprovada contempla a inclusão de informações sobre o consumo moderado e responsável de álcool e a indicação obrigatória da lista de ingredientes e da declaração nutricional.
Lídia Pereira lamenta, em matéria de impostos, que os deputados do BE e do PS, com exceção de Isabel Carvalhais e Pedro Silva Pereira, tenham contribuído para o chumbo de uma proposta que pretendia assegurar “um sistema de tributação justo que tenha em conta o papel fundamental, que a produção vinícola desempenha a nível da manutenção de atividades e empregos nas zonas rurais”, abrindo-se assim a possibilidade a um aumento dos impostos sobre as bebidas alcoólicas.
A eurodeputada social-democrata salienta que “esta polémica, sobre as bebidas alcoólicas, veio retirar o foco do trabalho meritório desenvolvido por esta comissão” e destaca que o pacote de medidas aprovado incluiu “mais investimento para a investigação, um reforço da cooperação entre Estados-membros e questões tão importantes como são a desburocratização do acesso dos pacientes aos melhores cuidados disponíveis e a ensaios clínicos inovadores, independentemente do Estado-membro onde residam”.
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