Expresso: 'Além do PCP, quem votou contra a resolução do Parlamento Europeu que condena a invasão russa da Ucrânia?'

Expresso: 'Além do PCP, quem votou contra a resolução do Parlamento Europeu que condena a invasão russa da Ucrânia?'

  • Quarta-feira, 02 de Março de 2022

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Eurodeputados da extrema-direita europeia do ID votaram maioritariamente a favor da resolução no Parlamento. Mas não todos. Entre os 11 que votaram contra, ao lado do PCP, há membros eleitos por partidos da ultradireita

Além do PCP, quem votou contra a resolução do Parlamento Europeu que condena a invasão russa da Ucrânia?

Eurodeputados da extrema-direita europeia do ID votaram maioritariamente a favor da resolução no Parlamento. Mas não todos. Entre os 11 que votaram contra, ao lado do PCP, há membros eleitos por partidos da ultradireita

O Parlamento Europeu (PE) aprovou esta terça-feira, por esmagadora maioria, uma resolução que condena a invasão militar da Ucrânia pela Rússia, pede sanções mais severas para o regime de Putin, saudando “a ativação dos planos de defesa da NATO”, bem como das respetivas “forças de resposta”, e insta as instituições europeias a desenvolver “esforços no sentido de conceder à Ucrânia o estatuto de país candidato à adesão à UE”. Dos 705 membros do PE, houve 637 votos a favor e 26 abstenções (além de várias ausências). Apenas 13 parlamentares votaram contra, entre os quais os dois eleitos pelo Partido Comunista Português, Sandra Pereira e João Pimenta Lopes. Quem são os restantes?

Na noite de terça-feira, já depois de ter estalado a polémica e de o PCP ter emitido um comunicado a justificar a orientação de voto, o ex-eurodeputado comunista João Ferreira foi à CNN Portugal defender que a resolução europeia “aumenta o ritmo de fornecimento” de armas na Ucrânia, o que “pode eliminar eventuais pontes entre os países” e “aponta para um reforço da NATO na região”. Para além disso, faz um “caminho de reforço de sanções”, que “nunca afetam os grandes capitalistas da Rússia”, mas “o povo” russo e os restantes, por causa do “efeito boomerang” dessas sanções. Foi por isso que o PCP se opôs à resolução, justificou Seguiu-se um momento de debate com o eurodeputado eleito pelo PS Pedro Silva Pereira, ex-ministro da Presidência de José Sócrates e hoje vice-presidente do PE, e uma troca de argumentos sobre quem votou ao lado da extrema-direita. E, na verdade, a resposta não é única. Entre os parlamentares que integram a família europeia nacionalista do Identidade e Democracia (ID), há quem tenha votado de um lado e do outro. A orientação do grupo, porém, era a de votar a favor, o que nem todos cumpriram.Aliás, exceção feita aos eurodeputados não-inscritos, que votam como independentes, todos os que se opuseram à resolução do PE fizeram-no à revelia da orientação de voto dos respetivos grupos parlamentares. É o caso do próprio PCP. O grupo de que faz parte, o The Left (“A Esquerda”), votou maioritariamente a favor o conjunto da resolução – foi o que fez, por exemplo, o Bloco de Esquerda, que é parte do mesmo grupo e que, ao contrário do que correu nas redes sociais, não se absteve nesta proposta, mas numa anterior.

Entre os 11 votos contra que se juntaram aos do PCP encontramos então parlamentares do ID, não-inscritos que foram eleitos por partidos nacionalistas, mas também eurodeputados da esquerda e de outro partido comunista – o da Grécia.

Marcel de Graaf

O caso mais peculiar da extrema-direita: foi o único eurodeputado ainda filiado ao Identidade e Democracia a opor-se à condenação da Rússia pela invasão à Ucrânia. Dos 65 membros do grupo ultranacionalista, de que o Chega faz parte, embora não tenha qualquer eurodeputado eleito, 45 votaram a favor, sete abstiveram-se e apenas de Graaf votou contra – houve ainda quatro ausentes e oito que optaram por não votar.

Graaf faz parte do Partido pela Liberdade (PVV), dos Países Baixos, liderado por Geert Wilders, assumido antieuropeísta e conhecido pelas posições xenófobas.

Francesca Donato

Eurodeputada italiana eleita em 2019 pela Lega, partido da ultradireita italiana que integra o ID no Parlamento Europeu. Em setembro do ano passado passou a não-inscrita, após ter anunciado a desfiliação da Lega, que garantiu não ter espaço para membros “antivacinas” como Donato. A parlamentar anunciou que, apesar da desfiliação, continuaria a fazer parte do ID, mas um mês depois, escreveu que foi “expulsa” do grupo parlamentar.

Ioannis Lagos

Mais um voto contra vindo da extrema-direita. Ioannis Lagos é um dos fundadores do partido neonazi grego Aurora Dourada, que em 2020 foi condenado por organização criminosa. Antes disso, já Lagos havia pedido a desfiliação do partido no PE e passado a eurodeputado não-inscrito.

Nikolaou-Alavanos

Lefteris Nikolaou-Alavanos é membro do Parlamento Europeu desde 2019 pelo Partido Comunista da Grécia (KKE), mas foi eleito como independente. Ao contrário da maioria da sua família política, e tal como os eurodeputados do PCP, votou contra a resolução aprovada ontem.

Kostas Papadakis

Mais um eurodeputado eleito pelo Partido Comunista da Grécia que, por esta altura, não tem qualquer filiação a grupos europeus. É deputado não-inscrito e, portanto, votou como independente.

Martin Schirdewan

Referido por João Ferreira, quando lembrou que outros partidos de esquerda votaram como o PCP, Schirdewan é vice do grupo parlamentar d’A Esquerda. Jornalista, é membro do ‘Die Linke’, partido da esquerda alemã.

Miguel Urbán Crespo

De Espanha vem outro dos deputados que votou à revelia da orientação do grupo A Esquerda no Parlamento Europeu. Em Espanha, Crespo esteve na fundação do ‘Podemos’.

Mick Wallace

Irlandês, foi eleito pelo ‘Independents 4 Change’, partido da esquerda local. É assim mais um membro do grupo A Esquerda a votar contra.

Clare Daly

A outra deputada eleita nas listas do ‘Independents 4 Change’, da Irlanda, votou como o correligionário: contra.

Özlem Demirel

Última parlamentar d’A Esquerda a votar contra. Demirel é alemã, membro do ‘Die Linke’, e está sentada no Parlamento Europeu desde 2019.

Tatjana Ždanoka

Oriunda da Letónia, foi a única membro do grupo dos “Verdes/Aliança Livre Europeia” no Parlamento Europeu a opor-se à resolução. A maioria dos eurodeputados desse grupo, incluindo o português Francisco Guerreiro (ex-PAN), seguiu a orientação de voto da família europeia e aprovou a proposta.

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