Expresso: 'Livre e Pan ponderam coligação'

Expresso: 'Livre e Pan ponderam coligação'

  • Sexta-feira, 11 de Agosto de 2023

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Rui Tavares e Inês de Sousa Real deverão voltar a discutir uma aliança para as europeias

Eleições europeias serão o próximo teste. Adesão aos Verdes europeus pode facilitar processo

Face às “causas comuns”, o PAN e o Livre ponderaram formar uma coligação para as eleições regionais da Madeira, agendadas para o próximo dia 24 de setembro, mas as opi­niões divergentes sobre o perfil do candidato acabaram por deitar por terra essa hipótese. Ao que apurou o Expresso, o partido de Rui Tavares propôs que o cabeça de lista fosse um “forte elemento da sociedade civil”, independente, mas Inês de Sousa Real preferia que fosse um membro do PAN, que em 2011 elegeu um deputado para a Assembleia Legislativa da Madeira. As eleições euro­peias serão o próximo teste.

“Da nossa parte pretendíamos que não fosse apenas uma candidatura estritamente de acordo entre partidos. Essa foi a mensagem que passámos, mas do lado do PAN não tivemos resposta positiva a esse desafio”, confirma ao Expresso Rui Tavares. O deputado do Livre admite que nas regionais uma coligação verde e progressista seria mais “eficaz” no combate ao PSD, há 47 anos à frente do Governo da Região Autónoma da Madeira.

TENTATIVAS DE “CONVERGÊNCIA”

Será o primeiro teste do Livre na Madeira e o partido não tem nada a perder. O deputado do Livre revela que chegou a discutir este ano a hipótese de uma aliança pré-eleitoral com todos os partidos à esquerda — além do PAN, o Bloco, mas também o Juntos pelo Povo (JPP), um partido com implantação na região autónoma — para perceber se seria possível haver uma “candidatura convergente”. Sendo o Livre o partido da “convergência”, sublinha, defendeu sempre a convergência progressista na Madeira com vista a travar o regime, mas desta vez não foi possível. “Acreditamos que seria mais forte do ponto de vista do combate ao jardinismo pós-Jardim, que está vigente e agora até reforçado na Madeira, que houvesse uma candidatura convergente, mas cada um deles optou por concorrer sozinho e o Livre assim também o fará”, acrescenta.

Tavares admite que uma coligação de esquerda seria “mais eficaz” no combate ao PSD, há 47 anos no poder na Madeira

Tiago Camacho será, assim, cabeça de lista do Livre nas próximas eleições regionais da Madeira, depois de ter encabeçado as candidaturas do partido no Funchal às autárquicas de 2021 e nas legislativas de 2022: “Independente, dá-nos garantias de uma candidatura bastante aguerrida, centrada em temas sociais e nos direitos fundamentais e da democracia na Região Autónoma da Madeira”, sustenta Tavares. Pelo PAN será Mónica Freitas a nova cabeça de lista nas eleições da Madeira, substituindo Joaquim Sousa, que sai por alegada “incompatibilidade” entre a direção regional do partido. “Estamos confiantes de que vamos ser capazes de resgatar e recuperar a confiança dos eleitores naquela que é a representação do PAN”, afirmou Inês de Sousa Real aquando da apresentação do candidato, ambicio­nando o partido reconquistar a representação alcançada há 12 anos. Agora, a porta-voz do PAN apela à “compreensão de todos os que defendem as causas das Pessoas, dos Animais e da Natureza”, saindo em defesa de uma nova candidatura “coesa” e “comprometida” em solucionar os desafios que a Madeira enfrenta.

POSSÍVEL ALIANÇA PARA AS EUROPEIAS

Questionado sobre se está em cima da mesa uma eventual alian­ça entre PAN e Livre para as europeias, Rui Tavares diz que é “prematuro” e “extemporâneo” falar desse ato eleitoral, agendado para entre 6 e 9 de junho de 2024, mas não recusa esse cenário. “Neste momento estamos concentrados nas eleições na Madeira; quanto ao processo nas europeias só depois começaremos a pensar nisso e a avaliar todos os cenários”, afirma.

Para o eurodeputado Francisco Guerreiro, se os partidos ecologistas e europeístas não se aliarem para as europeias, será uma “oportunidade perdida”

Já no final do Congresso do PAN, a 21 de maio, o Livre assinalava essa linha aberta para o partido de Sousa Real. Filipe Honório, membro do Grupo de Contacto (direção), realçou as “causas comuns” que aproximam os dois partidos, sobretudo a nível ambiental, e disse esperar que o “diálogo construtivo” se mantenha entre ambos, nomeadamente a nível das eleições europeias do próximo ano. Na altura, Bebiana Cunha, ex-deputada e membro da Comissão Política Nacional (CPN) do PAN, também não afastou essa via em declarações ao Expresso: “No meu entendimento, as pessoas votam mais por causas nas europeias. Partidos ambientalistas merecerão o voto de confiança dos eleitores, uma vez que corremos contra o tempo na emergência climática.”

Quem defende taxativamente esse cenário é Francisco Guerreiro, eurodeputado independente (ex-PAN), que considera que não haverá alternativa para o grupo de os Verdes europeus não perder uma representação portuguesa a não ser por uma estratégia de alianças. “Nem o PAN nem o Livre conseguem eleger sozinhos. Nem tão-pouco o Volt. Os partidos devem mostrar responsabilidade política para agregar votos e pôr as causas acima dos partidarismos”, sustenta, sugerindo, por exemplo, a divisão de mandatos (dois anos e meio). Para Francisco Guerreiro será uma “oportunidade perdida” se não o fizerem, afirmando que dos contactos que tem feito no âmbito dos Verdes europeus também tem sentido essa necessidade, que haja uma “convergência” e “estratégia” entre partidos para 2024. Da sua parte deixa uma garantia: “Não serei candidato por nenhum partido ou coligação.”

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